COLORIR PENSAMENTOS

HS SPECIALIST

CONSULTORA DE RH – CAPITAL HUMANO

FORMADORA DE COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

BUSINESS E LIFE COACH

“Ajudo as pessoas a colorir pensamentos”

Identifico-me como uma pessoa dinâmica, criativa, fascinada pelo comportamento humano, apaixonada pela vida, pela procura da felicidade, bem-estar e realização pessoal e profissional.

Com uma visão aberta e criativa identifico, avalio e desenvolvo o talento e as competências individuais, de equipa e das organizações, para que se tornem maisconscientes,eficientese felizes,atingindo os resultados desejados e realizando-se plenamente na vida pessoal e profissional.

O meu propósito é facilitar mudanças positivas e duradouras.

‎"Se um dia tiver que escolher entre o Mundo e o Amor, lembre-se: Se escolher o Mundo ficará sem Amor, mas se você escolher o Amor, com ele conquistará o Mundo" - Albert Einstein

sexta-feira, 7 de novembro de 2014


Até aos três anos, tudo o que a criança precisa para se desenvolver de forma saudável e harmoniosa é de um adulto dedicado e disponível, que lhe garanta segurança e muita brincadeira.

Durante a gravidez do Francisco, Catarina Santos traçou o plano para os primeiros tempos do bebé: ficaria em casa, com ela, até aos cinco meses e depois iria para a creche, onde já tinha estado a irmã e na qual tinha a maior confiança. Por experiência própria, sabia que lá os bebés eram muito bem tratados, acarinhados e felizes. Mas quando estava prestes a terminar a licença de maternidade e a regressar ao trabalho, Catarina começou a andar angustiada e nada satisfeita com a ideia de deixar o Francisco tantas horas por dia ao cuidado de outras pessoas. “Não sei explicar porquê, mas colocá-lo na creche tinha deixado de fazer sentido. Repensei tudo e decidi ficar em casa até ele fazer um ano. Depois logo se via…”, recorda Catarina.
Durante esse tempo, teve a preocupação de tentar que o filho convivesse também com outras pessoas (família e amigos) para que se habituasse a pequenos momentos de separação, sem dramas. Assim, estaria preparado para entrar na creche quando chegasse a altura. “Só que esse dia foi sendo adiado e adiado… e o Francisco ficou em casa até aos três anos, primeiro comigo e depois com uma ama”. Durante esse tempo, Catarina ouviu vários comentários, alguns em jeito de crítica, sobre a “importância do convívio com outros meninos” para o desenvolvimento do Francisco. “Cheguei a ficar chateada com uma amiga que insistia que eu devia pô-lo na escola para que não se tornasse num ‘bicho-do-mato’, mas depois deixei de dar importância. Ele estava bem, era uma criança feliz, sociável e muito extrovertida”, conta Catarina, sublinhando que “a ama era uma pessoa dedicada, carinhosa, que fazia imensas atividades com ele e o levava ao parque quase todos os dias, onde ele podia brincar com outras crianças”. Por tudo isto, Catarina tem a certeza de que Francisco não perdeu nada em não ter ido para a creche até aos três anos, nem tão pouco o seu desenvolvimento foi afetado.
A decisão de colocar ou não o bebé na creche após a licença de maternidade pode não ser fácil, mas é altamente influenciada pelas circunstâncias: nem sempre há uma avó por perto e disponível para acolher a criança, poucas mães podem dar-se ao luxo de adiar o regresso ao trabalho e a escolha de uma ama pode ser uma verdadeira dor de cabeça.
“É sempre necessário ter em consideração as circunstâncias e o bem-estar do bebé, da mãe e do pai. Os pais devem ser encorajados a tomarem as suas decisões com tranquilidade”, considera a pediatra do desenvolvimento Fátima Bessa, referindo que “quando os pais decidem colocar um filho pequeno na creche é, muitas vezes, porque se veem obrigados a isso”. A pediatra é de opinião que se o bebé puder ficar em casa durante os primeiros anos de vida “será ótimo”: evita-se a “separação diária, a lufa-lufa da manhã e do fim da tarde e o bebé ganha competências imunitárias”. E pode ganhar muito mais, mesmo sem ir à creche: “Antes dos três anos, os interesses da criança estão mais voltados para os pais e cuidadores, para os brinquedos e para os objetos do que para as outras crianças”, justifica Fátima Bessa, acrescentando que “gostam de as observar, aproximam-se delas, imitam-nas, competem pelo mesmo brinquedo, mas rapidamente regressam à sua brincadeira ‘solitária’.” Por isso, não há que ter medo que o desenvolvimento da criança possa ficar beliscado por ficar em casa. Basta investir em tempo e muita brincadeira. “A disponibilidade e a interação afetuosa dos pais e cuidadores, bem como os seus estímulos positivos, são essenciais para promover as competências da criança. É através destes estímulos e jogos, que devem acontecer de forma natural, que o desenvolvimento prossegue.”
Um para um
É na relação dual (com a mãe ou um substituto da mãe) que o bebé cria mais competências e capacidades. “Aquilo que é importante nesta fase é que a criança tenha uma relação com alguém que filtre os estímulos excessivos, que crie as condições de segurança para que ela se desenvolva com saúde e com experiências positivas e que promova a aprendizagem da relação com o outro com qualidade”, sublinha a psicóloga clínica Cecília Galvão, salientando que “o estar inserido num grupo, como acontece na creche, dificulta este registo e não se traduz em nenhum ganho a médio ou longo prazo”.
Em casa, é importante investir na interação com o bebé desde cedo: “O cuidador deve ter a preocupação de conversar com o bebé, incentivá-lo a mexer-se (por exemplo colocando-o numa manta no chão), evitar que esteja sempre sentando numa cadeirinha e jamais em frente à televisão”, aconselha Cecília Galvão. Fátima Bessa lembra que a interação é a “forma mais perfeita de comunicar e brincar” e começa desde os primeiros instantes de vida: “A face da mãe exerce um fascínio especial no bebé, que fixa interessadamente os olhos, o pestanejar e os movimentos dos lábios da mãe e é até capaz de imitar as suas caretas.”
Nos primeiros meses de vida, deve também haver a preocupação de não estimular excessivamente o bebé. Bastam simples brinquedos, como o mobile, a caixa de música ou a roca para que ele vá descobrindo o próprio corpo e o que o rodeia. À medida que os seus movimentos começam a ser mais amplos e controlados, o chão passa a ser “um ótimo sítio para a criança estar: colocada sobre uma manta terá uma maior liberdade de movimentos, poderá explorar e descobrir”.
Nesta fase, sublinha a pediatra, é importante dar-lhe alguns brinquedos, “variados, mas não muitos ao mesmo tempo”, para que possa explorá-los, “levando-os à boca”. A partir do momento em que consegue sentar-se, a sua “relação com os brinquedos e com o mundo que a rodeia muda” e passa a estar “cada vez mais interessada em tudo à sua volta, não só o que está ao seu alcance, como também pelos brinquedos colocados longe, que lhe servem de estímulo para gatinhar”. Por volta dos nove/dez meses, chega a fase das “gracinhas” (bater palminhas, fazer adeus…), que devem ser incentivadas pelo cuidador, já que são importantes para o seu desenvolvimento. O mesmo acontece com jogos como o “cucu”: “A criança diverte-se e percebe que o adulto volta a aparecer”, o que facilita a separação e promove “a aquisição de novas habilidades”.
Cecília Galvão lembra que, em casa, a criança “deve ter espaço para se deslocar sem riscos e que é preciso criar rotinas de sono (as crianças precisam de dormir para se desenvolverem de forma saudável), e permitir que a criança adquira prazer na alimentação, experimentando novos sabores a pouco e pouco e deixando-a manipular a comida”. São estes “pormenores” que promovem o saudável desenvolvimento do bebé, sempre com base na interação com o cuidador.
E nem é preciso gastar dinheiro em brinquedos muito sofisticados: “Basta um tupperware, uma colher de pau e meia dúzia de massas para termos uma criança muito contente e entretida…”. Por outro lado, acrescenta a psicóloga do Hospital Dona Estefânia, é importante dar-lhe a oportunidade de experimentar, para que possa aumentar o conhecimento sobre si própria e sobre o mundo que a rodeia: “Dar-lhe tintas para pintar com as mãos, lápis de cera grossos, papel grande, etc.”. E ler-lhe muitas histórias, que a vão ajudar “na aquisição da linguagem e, mais tarde, na compreensão da escrita”. A música também tem uma função primordial no desenvolvimento de competências e “não é preciso ser só música para bebés”, lembra Cecília Galvão.
Por tudo isto, sublinha a pediatra Fátima Bessa, a brincadeira e os jogos não podem ser encarados como forma de passar o tempo, mas sim com algo muito sério que permite à criança um bom crescimento físico, intelectual, emocional e social. “Brincar tem a dupla função de, por um lado, criar excelentes oportunidades de estimular o raciocínio e, por outro lado, disponibilizar as regras necessárias à convivência e vida em sociedade”. E remata: “Ninguém conhece verdadeiramente uma criança se não conhecer e perceber a maneira com ela brinca.”

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